Distritos & Bairros, Zona Oeste Comentários desativados em Barra Funda
Por volta de 1850, a área da Barra Funda era a grande Chácara Carvalho, pertencente ao conselheiro Antônio Prado. A região nasceu de uma divisão do Sítio Iguape, de propriedade do barão de Iguape. Para se ter idéia da grandeza da chácara, basta dizer que o conselheiro Prado contratou Luigi Puci, responsável pelo projeto do museu do Ipiranga, para fazer o projeto da sede em estilo Luis XVI – a casa-grande da chácara. Ela ainda existe e é ocupada por uma escola católica da Congregação Madre Cabrini.
Antigamente, a barra do rio Tietê na região era muito funda – daí o nome do bairro. Nos últimos anos do século XIX, a chácara foi loteada e, por estar próxima do centro e receber trilhos da São Paulo Railway em suas terras, cresceu rapidamente. Com os trilhos e os moradores vieram também as indústrias, o que fez a região crescer depressa e desordenadamente. Uma parte da Barra Funda tornou-se bairro eminentemente operário, em que as epidemias de febre amarela, varíola e cólera eram constantes devido às más condições das moradias e aos freqüentes alagamentos do Tietê.
Um dos moradores do bairro foi o conselheiro Antonio da Silva Prado, o primeiro prefeito eleito de São Paulo, cargo que exerceu outras vezes. Nasceu na capital em 1849 e morreu em 1929. Industrial, fazendeiro e político, era contra a escravidão e foi um dos colaboradores na aprovação da Lei do Ventre Livre, pela qual todo filho de escrava que nascesse a partir de sua promulgação estaria livre. Foi Também um dos arquitetos do projeto de imigração que acabaria definitivamente com o trabalho escravo no Brasil.
Na Barra Funda o poeta e escritor paulistano Mario de Andrade morou até sua morte, em 1945, com 51 anos. Está no tradicional bairro um dos principais teatros da capital: o grande Teatro São Pedro, construído pelo imigrante português Manuel Fernando Lopes e fundado em 17 de janeiro de 1917. Durante décadas ele levou ao paulistanos peças com atores importantes com Sadi Cabral, Procópio Ferreira e Apolônia Pinto. Mas também estão na Barra Funda edificações que no seu tempo foram orgulho da capital e que hoje vão morrendo lentamente, tijolo a tijolo, ladrilho a ladrilho, numa clara mostra de que São Paulo enterra suas casas antes de seus mortos.
Fonte: 450 Bairros São Paulo 450 Anos
Editora: Senac São Paulo
Autor: Levino Ponciano
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