Nos meados do século XIX, um sitio na margem do rio Tietê levava o nome da Casa Verde, e o nome passou para o bairro que ai se formou. O sitio era propriedade de José Arouche de Toledo Rendon, que cuidava de suas sete irmãs solteiras, moradoras de uma casa com janelas verdes na esquina da rua do Rosário com o beco do Colégio. Elas eram conhecidas como as meninas da Casa Verde. A família passava os fins de semana no sítio e acabaram levando o apelido para a propriedade. O povo logo se acostumou a usar o lugar como referência: “perto do sítio das meninas da casa verde”, “passando a Casa Verde”, etc. O nome pegou e nunca mais saiu.
Nos primeiros anos da vila paulistana havia uma fazenda depois repartida em sítios e chácaras, pertencentes ao lendário Amador Bueno e sua esposa, dona Bernarda Luís Camacho. As ricas terras abrigaram grandes trigais nos anos de 1600, e em outros tempos receberam imensas plantações de chá e de café para finalmente ter videiras plantadas por João Maxwell Rudge.
No decorrer dos tempos uma grande parte dessas terras ficaram com os Rendon, até que, em 1857, a área foi comprada por Francisco Antônio Baruel ( pai do famoso farmacêutico). Em seguida foi adquirida pelo tenente coronel Fidélis Nepomuceno Prates. Uma empresa recebeu as terras como pagamento de dívidas e, finalmente, em 1882, o sítio foi vendido a João Maxwell Rudge. Anos mais tarde, em 1897, seus herdeiros decidiram lotear as terras da Casa Verde e ai criar um bairro com o nome de Vila Tietê.
Mas esse nome não pegou, e o povo continuou chamando o lugar de Casa Verde. Dessa forma, no correr dos anos, o grande sítio acabou virando um amontoado de pequenos bairros, todos com a mesma origem e história e quase com o mesmo nome, com Casa Verde Alta, Casa Verde Média, Casa Verde Baixa. A Casa Verde acabou por tornar-se um distrito da capital, espremido entre Freguesia do Ó e Santana.
A propósito: os nomes das sete meninas da casa verde eram Caetana, Joaquina, Gertrudes, Pulquéria , Ana Teresa, Maria Rosa e Reuduzinda. Estranhamente todas ficaram solteriras. Quando velhas ainda eram chamadas de meninas da Casa Verde, o irmão das sete meninas, José Arouche de Toledo Rendon, era uma das principais figuras do inicio do Império.
Nascido em São Paulo, 1756, era de família rica, estou em Coimbra e após seu retorno a São Paulo iniciou uma vida de muitas profissões. Trouxe cultura do chá para a capital. No Sitio da Casa Verde plantou café (foi o primeiro exportador brasileiro); foi militar, ficando conhecido como o marechal; e participou de diversas batalhas. Foi também o primeiro diretor da Faculdade de Direito de São Paulo Rendon repassava integralmente seu salário de diretor para as obras da Santa Casa.
Fonte: 450 Bairros São Paulo 450 Anos
Editora: Senac São Paulo
Autor: Levino Ponciano