O Jardim Ângela nasceu sob a proteção de santa Ângela. A região, como tantas outras da capital cresceu desafiando a lei do bom senso. A semente desse emblemático barro é um loteamento clandestino feito nos primeiros antos da década de 1960. Teimosamente um barraco, uma casinha foram levatados ( seu número aumentou nas décadas de 1970 e 1980). O nome da esposa do loteador que a história fez questão de esquecer era Ângela.
A partir do pequeno núcleo habitacional, uma explocsão demográfica aconteceu: casas e mais casas, e mais uma vila está formada. Em seguida ela vira um bairro. Ninguém sabe como eles vão chegando, nem mesmo a prefeitura. São migrantes que montam seus barracos e lentamente vão construindo os seu lares. São pessoas expulsas de outros bairros pelos aluguéis altos. São desempregados. Na região existem vilas onde falta de tudo – água, luz, telefone e as coisas mais simple, o que não falta é a violência.
Lá os jovens não tem qualquer tipo de trabalho, lazer ou área verde. Juventude com a auto-estima estraçalhada. São, enfim, alves fáceis para os traficantes, já que ficam ociosos todo o tempo. Para piorar ainda mais a situação, para cada dez residências existe um bar.
A região mais violenta de São Paulo é um aglomerado de 74 pequenos bairros iregulares situados em área de manancial, à veiga da Represesa de Guarapiranga, na zona sul. A estrada do M`Boi Mirim ( do tupi “cobra pequena”) é a grande via de acesso desses bairros para a cidade. Até o início do terceiro milênio, o índice de cidadania era zero, segundo o Ministério Público.
O negócio mais rentável é a droga, a bandidagem e os cemitérios particulares. Sim, cimitério ali é um bom negócio. Na região já existem alguns: são mais baratos que os oficiais e parcelam em até 24 vezes. No ano de 2000, mais um triste troféu para o maltratado Jardim Ângela: o de bairros mais vilento do planeta Terra.
Na contramão disso tudo, a sociedade vem se organizando no Jardim Ângela, tentando tirar as crianças e os jovens das ruas. Lentos resultados vêm aparecendo no decorrer dos anos.
Fonte: 450 Bairros São Paulo 450 Anos
Editora: Senac São Paulo
Autor: Levino Ponciano